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Publicada: 15 dez. 2021 às 5:08
Atualizada: 16 dez. 2021 às 5:53

Ah, aqui está você novamente, despertado do seu sono da morte, seguindo o mesmo caminho de heróis e lordes decaídos, onde cada vitória em sua jornada também representou a ruína de sua alma. Então eu lhe pergunto, por que você ainda persiste nisso? Você nasceu em um mundo onde o caos e a escuridão foram criados por gerações anteriores e lhe foi incumbida a infame tarefa de buscar a salvação para todos. Foi necessário lidar constantemente com o sentimento de frustração e impotência e ao final da sua jornada você percebeu que é impossível salvar todos, que muitos se perderam no caminho e tu fostes forçado a fazer escolhas que te jogaram no mais profundo abismo. Certamente que você poderia conseguir alguns aliados para estarem ao seu lado na batalha, mas eles não ficariam para sempre e não viveria a sua vida; no final sempre ficará só você e apenas você terá que lidar com as consequências de suas escolhas até aqui. Quando se aproximou do caminho final da sua jornada foi preciso escolher entre perder sua alma para manter o ciclo eterno dessa existência vazia ou deixar de ser quem você é para viver uma falsa existência até que outro lorde ou herói apareça para colocar (ou não) um fim na tragédia existencial que se tornou o seu mundo. De qualquer forma, valeu a pena lutar para chegar até aqui?

Esse é o meu sentimento a cada vez que jogo algo da franquia Dark Souls e do gênero souls like como um todo, um estilo de jogo que demorou um tempo para me conquistar, mas que agora virou uma das minhas referências quando eu procuro qualidade em um Action RPG. Darks Souls 3 está longe de ter um gráfico incrível, combates dinâmicos e ambientação detalhada como um God of War de PS4...e PC, tudo no DS3 é bem básico quando colocado ao lado de outros triplos A no estilo Action RPG, porém, o Myiazaki conseguiu extrair o máximo dessa simplicidade, a mecânica básica de combate usando uma espada + escudo ou meia dúzia de magias se torna algo desafiador dentro do universo de Dark Souls. Os cenários que ao mesmo tempo são imensos, silenciosos e vazios conseguem te passar a história e o sentimento dos antigos lordes, guerreiros e sábios que habitavam aqueles locais onde mesmo vencendo suas batalhas também encontraram a ruína de suas almas.

Não podemos discordar que o jeito Myiazaki de contar uma história não é nada tradicional, bem confusa para quem está iniciando a franquia e nada intuitiva, principalmente para aqueles jogadores ligado no modo kill kill que nem olha para os lados. O jogo é literalmente um complexo quebra-cabeça que você não vai conseguir juntar todas as partes em uma única jogatina, a história não é contada por diálogos longos ou cutscenes cinematográficas, mas sim por descrições das armas, armaduras, itens de quest e breves diálogos com os NPCs. Cada personagem tem a sua jornada marcada pela busca do poder, lealdade, traições, dramas pessoais onde o sucesso alcançado também levou a sua decaída.

O jogo é difícil? Se você está entrando agora nesse universo se prepare para passar muita raiva. A minha primeira experiência com Dark Souls 1 foi frustrante, eu achava um absurdo ter um jogo tão difícil assim e desde o primeiro jogo até alguns anos depois do lançamento do DS3 eu achava que esse jogo não era para mim. Mas quando passei a entender a proposta do jogo eu percebi que o que o torna complicado são as nossas escolhas equivocadas de luta e a falta de paciência para o aprendizado; quando você se dá conta que aprender algo é um processo longo, doloroso e que será necessário mudar de planos e convicções ao longo do caminho o jogo magicamente flui e você passar a mergulhar naquele universo. Mas de qualquer forma eu volto a lhe perguntar, valeu a pena passar por tudo isso?
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