Signalis é, hoje, o típico jogo que eu considero uma joia no mundo indie. Com muita influência dos clássicos Survival Horror, principalmente Silent Hill, da literatura de horror cósmico do Lovecraft e o Rei de Amarelo do Robert W. Chambers, e principalmente Hideaki Anno e seu Evangelion. Signalis é um jogo criado por 2 pessoas desde 2014, Yuri Stern e Bárbara Wittmann, e alguns colaboradores na trilha sonora, eles criaram uma joia notável.



Depois de uma misteriosa introdução, controlamos Elster, uma Replika à procura de sua parceira, Alina Seo. Mas algo ruim aconteceu, corrompendo a maioria das Replikas, deixando-os malignos. Agora Elster terá que adentrar nesse inferno literal, e descobrir segredos obscuros que jamais imaginaria.

https://steamproxy.net/sharedfiles/filedetails/?id=3554568091

Signalis é um jogo com uma história complexa, que brinca com a metalinguagem e proporcionou teorias sobre o enredo e seus pormenores nos fóruns afora.
É uma história muito boa, a criação desse mundo e da Lore toda é muito grande, como criaram detalhes minuciosos de cada tipo de Replikas que diferem um dos outros em criação, de momentos políticos e evolutivos desses mundos, todos os detalhes que podem, e vão, explicar o enredo principal, uma coisa ou outra vai entrar no meio interpretativo, mas muito está lá no jogo, em sua lore muito bem construído e documentada.

Em Sua influências tem muito do Horror Cósmico de Lovecraft, o Rei de Amarelo do Chamber, e no Anime Evangelion do Hideaki Anno na forma que é feito as cinemáticas, com cenas rápidas e confusas, mas que engloba todo o conceito do jogo perfeitamente [e que está conectado com a história perfeitamente], também tem muito do conceito teórico da Sincronicidade de Carl Gustav Jung, além, é claro, de Silent Hill em seus sistemas e ambientação.

Muitas partes das cinemáticas também estão em outros idiomas, como Kanjis japoneses e frases em alemão, me vi muitas vezes tirando screenshot desses momentos para traduzir no google translate por meio de foto para tentar extrair alguma informação escondida.

Existem 4 finais, e uma crítica que eu deixo, se influenciaram tão bem em Silent Hill, mas deixaram de fora logo uma característica tão boa que é a forma de fazer os outros finais, aqui em Signalis é um algoritmo doido de morte, dano e tempo de jogo [e que um save acaba afetando outro], deveriam ter sido mais criativos nesse sentido, a comunidade há anos está decifrando o que faz liberar esses finais.
Ao zerar, e ficar curioso, Clique Aqui e Leia Esse Guia , talvez ajude caso queira fazer. O Final 4 é um “secreto”, que precisa de itens específicos e códigos escondidos.



A Ambientação de Signalis é fantástica, ela é opressiva e dark, um mundo retro tecnológico muito bonito e detalhado, a parte artística é excelente. É um jogo incrivelmente bonito, que usa o pixel art muito bem, que trabalha a iluminação dinâmica, reflexos e sombras de forma muito caprichada, como as animações também, é tudo muito bem feito.
Alguns momentos do jogo temos uma parte com um estilo mais ps1, onde o jogo fica em primeira pessoa, são partes pequenas de exploração. As cinemáticas são feitas com uma arte estilo anime bem bacana.

https://steamproxy.net/sharedfiles/filedetails/?id=3554568233

A Trilha sonora não fica atrás, ela foi criada pelo 1000 Eyes (projeto musical de Cicely Goulder), e mostra muita influência ao Akira Yamaoka, o gênio por trás da trilhas sonora da série Silent Hill, tanto em suas trilhas mais melancólicas como nas mais opressivas e pesadas.
Toda a parte sonora é bem trabalhada.

Uma parte que acho muito importante em um jogo é o Hud. É um hud limpo como deve ser, e por controlarmos uma Replika, a tela tem efeitos de estáticas e falhas quando estamos com a saúde baixa, e uma surpresa ao morrer, é bem criativo e está dentro da proposta do jogo.



Signalis é um autêntico Survival horror, um dos mais desafiadores que já joguei. Eu zerei o jogo pela primeira vez no modo sobrevivente com inventário moderno, foi uma experiência com dificuldade muito boa, e acima da média atual.

Temos muito backtracking e uma escassez de munição extrema, o inventário é limitadíssimo no modo inventário moderno e mais ainda no modo clássico, você sempre estará fazendo essa estratégia mental no inventário, lembra bastante o sufoco de jogar com o Chris no RE1 clássico, para auxiliar existe um sistema de baú, além do saudoso save manual.

Outro ponto importante de um Survival Horror Clássico são os seus puzzles, eles são divertidos e muito espertos, são puzzles que você usará papel e caneta para decifrá-los e exercitar um pouco essa sua cuca, algo extremamente raro em ver nos jogos atuais e que foi resgatado agora com SH2 Remake. Esse foi um dos grandes pontos altos do jogo para mim.

A IA do jogo é esperta, os inimigos cercam o jogador principalmente quando estão em 2 ou 3, e mesmo quando tem apenas 1, muitas vezes ele avançava com cautela, ocupando espaços que normalmente uma IA básica deixaria para o jogador passar correndo, tem como desviar dos inimigos, é essencial desenvolver essa habilidade, mas não é tão fácil. Existe uma quantidade boa de inimigos diferentes, e novamente, contrasta com os documentos, cartazes e lore do jogo.

https://steamproxy.net/sharedfiles/filedetails/?id=3551684285&fileuploadsuccess=1

Um aspecto bem ruim na parte de gameplay de Signalis é o sistema de tiro, ele funciona muito bem quando é contra 1 inimigo, mas quando tem 3 complica muito pela forma que ele funciona.
O sistema de tiro mistura um mira livre com a mira fixa, ao mirar você tem um laser que fixa ao mirar no inimigo, o problema quando tem 2 ou 3 inimigos juntos, você derruba um que estava mais perto, a mira não pula para o outro inimigo que está avançando, e fixa no caído, você tenta mudar para o outro inimigo e fica tudo confuso, jogando no modo sobrevivente, isso é fatal. É um aspecto importante do jogo que ficou um pouco falho e abaixo de tudo entregue no jogo final.

Originally posted by Signalis:

Mesmo nas profundezas mais escuras
As canções do cosmo
Ainda podem ser ouvidas no éter
O som das estrelas

Signalis foi para a minha lista de pérolas dos jogos indies, ao lado de The Cat Lady e Darkwood. Ele é um jogo desafiador, que faz de sua influência dos clássicos survival horror em uma carta de amor ao gênero, trabalharam de forma fantástica a construção desse mundo em sua ambientação, em sua lore e em seu enredo complexo e bem construído.