Não pretendo fazer uma análise técnica desse clássico absoluto até porque dispensa apresentações. No entanto, me sinto inspirado a expor aqui um capítulo mágico desta minha vida errante de oldgamer fossilizado (aos 38 anos eu sou praticamente um ancião).

Me lembro que comprei o PS2 na época em que o console custava os olhos da cara por causa desse game. Tinha jogado na casa de um amigo e, desde então, não conseguia mais tirar GTA VC da cabeça. Chegava até a sonhar que estava jogando. Paguei setecentos e cinquenta reais lá em 2004, e me lembro de tê-lo jogado repetidas vezes do começo, umas dez ou vinte vezes, antes de conseguir os cinquenta reais para comprar o memory card. Entre um bico e outro, eu me virava pra comprar meus games. Tempos difíceis, porém ótimos! Hoje, a garotada não faz ideia do impacto que esse jogo causou, pois só quem viveu isso pode descrever a emoção de um game de mundo aberto com veículos terrestres, aéreos e marítimos, pois isso era uma novidade e um sonho antigo finalmente concretizado. E a temática do game foi uma escolha perfeita dos desenvolvedores : um cenário paradisíaco e ambientado nos nostálgicos anos 80 embalado por músicas inesquecíveis. Eu nasci nessa década e me lembro que foi uma época com forte identidade cultural, e isso foi minuciosamente explorado em GTA Vice City.

Antológico é um adjetivo pequeno para qualificar essa verdadeira obra de arte.

Direto ao ponto. O ano de 2023 ficará marcado pela quantidade de lixo disfarçado de game, que apesar dos orçamentos absurdos foram colocados para venda sem sequer terem sido concluídos. E isso é tornou-se pratica comum até mesmo por culpa de pessoas excessivamente generosas em suas análises que positivam um game nas análises sem de fato que este mereça uma boa avaliação. Admito que na falta de bons jogos, fui tolo o suficiente para fazer isso também. Hoje, com certeza voltaria atrás em algumas recomendações que fiz no Steam. Afinal precisamos ser minimamente exigentes para que o padrão de qualidade volte a ser elevado.

Pois bem. Robocop Rogue City foi desenvolvido praticamente pela mesma equipe de Terminator Resistance (que considero um dos melhores jogos dos últimos anos). Porém a proposta aqui é um pouco diferente. Enquanto que Terminator Resistance tratava-se de um FPS com muitos elementos de RPG de ação, este game do Robocop tem uma característica mais voltada para uma jogabilidade mais próxima de um FPS tradicional, pois não há um inventário para armazenar muitos itens, a exploração dos cenários é um tanto mais simplória, o jogador só pode carregar consigo duas armas ao mesmo tempo e, com relação às armas, só é possível fazer upgrades na Auto 9, que é a famosa pistola padrão do lendário policial cibernético. Todas as demais armas são descartáveis, e isso talvez possa decepcionar os acumuladores de plantão. Mas esqueça, por enquanto, essa estranha obsessão e seja feliz desfrutando de um sistema de combate que lembra muito o estilo arcade.


Depois de décadas finalmente um game digno desta gloriosa franquia foi lançado e vale a pena comprar no lançamento para apoiar o estúdio, pelo menos nesse caso. Afinal não queremos passar mais outros longos 20 anos aguardando um novo game do Murphy, certo?


Combate frenético, com centenas de inimigos para despedaçar, efeitos sonoros incríveis, trilha espetacular, ambientação rica e atmosférica, diálogos bem interessantes que prendem a atenção de qualquer fã. Missões secundárias divertidas, lugares instigantes para explorar/investigar. Personagens carismáticos, fidelidade atmosférica dos ambientes com relação aos filmes. E o melhor de tudo: nenhuma invencionisse para estragar tudo isso. Afinal, não queremos inovações, queremos é diversão.