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Posted: 2 Feb, 2020 @ 4:17pm

E mais uma vez a 2k mostra que não aprendeu nada com os erros do jogo anterior. Os produtores construíram uma belíssima cidade, inspirada numa New Orleans dos anos 60, riquíssima em detalhes porém carente demais no que diz respeito à conteúdo.

A cidade é morta, não há nada a se fazer nela além das missões principais, onde nas mesmas, temos as submissões paralelas que se resumem a fazer de você o garoto de recados dos seus parceiros máfiosos. Você basicamente começa buscando informações com um estranho, em seguida desarticula os esquemas dos subchefes e por fim pega o chefão.

O tempo passa, a dinâmica não muda e você começa a rezar pra Deus e todos os seus orixás pra dar a sorte de cruzar com Sal Marcano na esquina mais próxima, mata-lo e enfim terminar esse suplício. A maior parte do tempo será gasta com a morte de milhares de NPCs totalmente desprovidos de uma IA decente, ligada sempre no modo kill kill. Matou um, dois ou três grupos e pronto! Padrão identificado e vai por mim, não vai ser alterado até a conclusão do game. Basta se esconder num bom lugar, chamar a atenção deles e então amontoar corpos e mais corpos, esperando um a um, sem o minímo esforço. As opções de customização são outro ponto de extremo demérito, elas são rasas demais em todos os seus aspectos, chegando até a serem inferiores às de Mafia II.

A história, ao menos ela, é muito boa, tem um excelente background e trilha sonora impecável, porém com poucos personagens que de fato empolgam. Lincoln Clay é um bom protagonista, o fato de ser um negro buscando vingança num mundo de poder branco me deu boas razões pra comprar a briga do personagem, ainda que pra mim, ele pareça tudo, menos um mafioso em ascensão, o que sempre foi a ideia central da franquia. Os membros da "família", a princípio, parecem uma excelente adição ao enredo, mas logo após suas respectivas introduções, perdem força e são de pouca relevância no desenvolvimento do enredo. O jogo só volta a entregar um pouco mais desses personagens, das suas histórias, ambições e etc (como por exemplo o que diabos aconteceu com Vito e Joe após o final de Mafia II), horas mais tarde, depois de muitas side missions extremamente repetitivas, se você sobreviver a todas elas, é claro.

E isso é uma verdadeira lástima, porque que o esforço empregado pelos desenvolvedores no excelente trabalho com as expressões faciais, aliado à excelente equipe de dubladores, deixa claro que o jogo poderia ter rendido muito mais apelo emocional.

Mafia III está longe de ser a pior coisa já feita pela humanidade, mas peca miseravelmente ao criar (outra vez) um game de mundo aberto cheio de limitações. Que prefere espalhar meia dúzia de coletáveis pela cidade (vou procurar as revistas PlayBoy da década de 60 na internet pra não passar mais raiva do que já passei jogando isso) ao invés de criar atividades paralelas minimamente pensadas pra enriquecer o background dos personagens ou dos anos 60 aqui retratados.

A jogabilidade é boa? É sim! A física dos veículos decepciona? De modo algum? As rádios tem boa música pra ouvir? De sobra! O plot (ainda que um pouco previsível) te mantém interessado do começo ao fim? Sem dúvida! No entanto, o caminho até o derradeiro desfecho é tão tortuoso, mas tão tortuoso... que você fica em constante dúvida se dropa o game ou dá mais uma chance dele melhorar mais adiante.

Enfim... se eu recomendo Mafia III? Recomendo a quem tiver paciência ou muito tempo livre, pois diante de tamanha falta de inspiração para um gameplay tão repetitivo e tedioso, você vai precisar. E aproveitando o ensejo ainda me pergunto: um dia veremos um Mafia IV? Quem sabe? Mas se a resposta for sim, talvez fosse uma boa ideia os produtores darem uma passadinha lá na Rockstar, porque tá precisando...
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