Lâmina fria, o corte a rasgar,
Sangue escorrendo, não quer estancar.
Grito engasgado, ódio a ferver,
No aço cruel, vejo o mundo morrer.

No fio da lâmina, a fúria se acende,
Rubra cascata, no chão já se rende.
Olhos em brasa, veneno a pingar,
Na dança da morte, deixo tudo sangrar.

Sombras me cercam, risos ao vento,
O aço desliza sem dó, sem lamento.
O mundo é um ciclo de dor e ruína,
E a faca é a voz que nunca termina.

Corações podres, mentiras no ar,
Cada ferida, um jeito de amar.
Se a dor é a vida, então que transborde,
Que o sangue responda, que a lâmina corte.

Lâmina impura, sussurros no aço,
A carne se abre num mórbido abraço.
Rubra oferenda, quente e voraz,
No frio da lâmina, um riso audaz.

Gargantas rompidas, preces em vão,
Sangue se espalha, tinge o chão.
Olhos vazios, ecos do medo,
Na dança da morte, o fim sem enredo.

Sombras rastejam, chamam por mim,
Mãos estendidas num toque sem fim.
O mundo apodrece em gritos e escárnio,
E o corte ressoa num ato profano.

Veneno na boca, promessas quebradas,
Corações murchos, vidas roubadas.
Se a dor é eterna, que tudo desabe,
Que a lâmina ria e o sangue se alague.